Como explicar a Covid-19 para crianças sem gerar pânico
Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul dá dicas aos pais e cuidadores
A Covid-19 chegou mudando a rotina da população mundial, trouxe com ela uma profusão de incertezas, e tornou-se assunto frequente na TV e nas rodas de conversas. Esse impacto tão repentino pode gerar traumas e por isso é fundamental que os pais procurem orientar seus filhos sem gerar pânico nos pequenos. Pensando neste comportamento a Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul (SPMS) orienta atentar aos seguintes aspectos:
Honestidade: Quanto menor a criança, mais simples e reduzida deverá ser a explicação, mas esconder ou omitir a sua existência será quase que impossível. Ficar sem ver os avós ou pessoas queridas, sem sair de casa, ter que usar a máscara, lavar as mãos muito bem, por exemplo, serão mais compreensíveis se a criança souber que há o risco de ficar doente se não se cuidar.
Maria Fernanda Soares, diretora do Departamento de Assistência à Comunidade e Cultura da SPMS, explica que é como uma injeção dolorosa: “não dá para dizer que não vai doer, porque aí a criança vai sofrer pela dor do remédio doído e pela dor de ver que quem ela gosta é uma pessoa mentirosa, e pior, que deve mentir, que a verdade é insuportável”.
Hábito: Explique as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), como as práticas fundamentais de higiene. Assim como tomar banho, escovar os dentes foram incorporados na rotina diária há muitas décadas, por conta de outras doenças, o uso de máscara e o hábito de lavar as mãos se tornaram essenciais.
Brincadeiras: O brincar possibilita que se pense sobre seus conflitos, que aprenda novas formas de ver o mundo, si mesmo e os outros, possibilita criar, se renovar. Uma criança que não brinca adoece mentalmente, não se desenvolve de forma saudável. Por isso é importante oferecer oportunidades adequadas para cada idade. Os eletrônicos, muitas vezes, serão a saída mais viável, além de jogos, brinquedos de montar, bonecos, filmes, livros e revistinhas.
Privacidade: Quanto menor a criança, mais ela necessita de uma interação com os pais. Por outro lado, o respeito por sua individualidade e privacidade também deve estar presente, principalmente para os adolescentes que, neste momento de reclusão, podem se sentir tolhidos e impedidos de realizar algo inerente a sua idade, que é sair de casa, encontrar com os amigos.
Maria Fernanda Soares ressalta ainda que a conduta diante da pandemia será como um divisor de águas e se dará de acordo com o desenvolvimento psíquico adquirido por cada um, o respeito estará na base deste comportamento.
“O respeito pelo outro e por si mesmo é uma das coisas mais difíceis de se transmitir. Este dever e direito de cada um é passado nestas ações. Viver de forma civilizada impõe a necessidade de abrir mão de muita coisa, como a capacidade de tolerar frustrações por um bem maior. Portanto, por exemplo, ficar sem o convívio social pode significar ajudar a manter as pessoas vivas e saudáveis e, daqui um pouco, podermos estar juntos novamente”, explica.